terça-feira, 25 de maio de 2010

Ao cult com carinho



Nessas minhas tardes de tédio profundo não me restava muita coisa além do computador. Ok, eu tenho os meus DVDs e livros antigos (adoro aquele cheiro de guardado que fica), mas vasculhar os orkuts alheios ainda é uma das minhas “tarefas do dia”. Como eu escrevi antes, pela falta do que fazer me proponho às atualizações recentes dos meus “amigos” do Orkut.
No início, nada demais: fotos de meninas usando biquínis e encolhendo as respectivas barrigas, garotos fazendo hang loose com a mão direita e segurando uma latinha da pior cerveja existente na mão esquerda... Tudo isso já me incomoda um pouco, porém, NADA, absolutamente NA-DA, me incomoda mais do que álbuns repletos de fotos cults. Serei mais clara explicando quais fotos: Audrey Hepburn, James Dean; Beatles, The Doors, The Who, Led Zeppelin, ou qualquer outra banda muito famosa e antiga; fotos de diretores, como Godard, Fellini, Antonioni, Kubrick, Hitchcock etc., com um “(L)” na legenda e, mas não menos importante, uma relação de stills de filmes considerados muito “cults” - Laranja Mecânica (owned ¬¬), Elefante, Donnie Darko, Os Sonhadores, enfim.
O que me faz ter mais raiva de atitudes assim não é o fato de alguém ter um álbum cult, porque isso é o de menos, mas, talvez por uma coincidência cósmica e indecifrável do destino, as pessoas do meu Orkut que usam esta velha estratégia do “eu sou cool, não discuta comigo” não gostam realmente de nada que dizem gostar. Elas são daqueles tipos comuns que comparam qualquer situação cotidiana com uma cena de filme, são daquelas que fazem questão de citar grandes obras de grandes escritores, são as mesmas que acham que não é preciso “ser”, já que você pode só “parece” ser.
Querer ser diferente é uma moda antiguíssima que, ironicamente, é seguida por todo mundo. Só que por que ninguém que faz esse tipo de coisa lembra que a moda não foi feita pra diferenciar as pessoas? Além disso, por que fingir gostar do que você não gosta? Não vejo propósito algum em fingir pros meus amigos que eu assisto Lost só porque acabou de sair o último episódio e todo mundo tá comentando. Menos ainda em sair por aí vestindo uma camisa com um cartaz de algum filme antigo que eu nunca vi, aliás, nem conheço!
Gente, isso não é uma mera falta de personalidade, é falta de opinião mesmo, de senso crítico. Vamos assistir a um filme e escutar uma música que nós gostamos de verdade, nem que seja um Avatar ou uma Lady Gaga da vida? Não é preciso se sentir culpado por não gostar de Joy Division, Talking Heads, ou por não saber pronunciar o nome dos integrantes da banda Sigur Rós, nem “Le fabuleux destin d'Amélie Poulain”. Deixe, por favor, de pagar o velho mico do “eu não faço a mínima idéia do que eles estão falando!”, porque mentira tem perna curta e vai ser muito pior quando os outros souberem que você não gosta de synthpop, pós-punk e rockabilly, mas sim de pagode, forró, RESTART...

1 comentários:

by aguia81 disse...

Realmente hoje em dia tá brabo ver alguma coisa que preste nos cinemas... As produções andam tão banais, simplórias, previsíveis...dando muito mais valor aos personagens (no caso atores/atrizes de destaque), efeitos especiais (o que dizer das famosas sessões 3D?), entre outras coisas. Quanto ao roteiro? Ah, esquece...quem se importa com isto, não é? :-(

Gostei do teu blog, qdo puder visita o meu, tem algo de cinema por lá ;-)

O vôo da águia
http://aguia81.blogspot.com