quinta-feira, 29 de abril de 2010

Glee



Quando a série estreou não achei realmente que eu iria gostar. A sinopse pareceu um clichê completo, com direito a personagens típicos do, digamos, “imaginário” norte-americano, estrelando “as cerejas do bolo” da produção: Will Shuester (Matthew Morrison), professor de espanhol da escola William McKinley, quer reerguer o grupo de coral do colégio, o Glee Club, que antes era motivo de orgulho para toda a escola. Além da falta de recursos e desinteresse do diretor, o clube de coral conta apenas com alunos pouco populares e marcados pelos colegas. Nada me surpreendeu nos primeiros episódios, desde os acontecimentos, até os tipos dos personagens. No elenco principal há o típico jogador de futebol americano, o mocinho desejado pelas meninas do colégio, e a líder de torcida loira que, por acaso, é namorada do mocinho. Tem, também, o time dos excluídos, lógico, para completar o feeling de “High School” da série.

Mesmo com tantos motivos (fortes, você tem que concordar) para não assistir Glee, acabei acompanhando a primeira temporada inteira. Convenhamos: quem resiste a covers (vale lembrar, muito bem feitos) do Queen, de John Lennon, Creedence Clearwater Revival e The Police? Tenho certeza que você também deixaria na Fox só para escutar a seleção quase que impecável de músicas feita pela série, porque vale muito a pena.

Além de possuir um ótimo senso para a escolha das músicas, Glee também possui um ótimo elenco, atores realmente talentosos e que cantam bem de verdade. Começando por Lea Michele e Amber Riley, que interpretam, respectivamente, Rachel Berry, a integrante que se acha talentosa demais para o resto do grupo, e Mercedes Jones, cuja voz alcança notas humanamente impossíveis – num bom sentido, claro. Também tem Chris Colfer (Kurt Hummel) no papel de um garoto gay que ainda tenta se encaixar no preconceito alheio, Mark Salling (Puck), o valentão do clube, Dianna Agron (Quinn Fabray), a líder de torcida que acaba grávida, Jenna Ushkowitz (Tina Cohen-Chang), a menina que gosta de ser excluída, Kevin McHale (Artie Abrams), um cadeirante que sofre com os limites que um acidente lhe provocou e, finalmente, mas não tão especial (porque ele não canta tão bem assim e é desengonçado para dançar), Cory Monteith (Finn Hudson), o “talentoso” jogador de futebol. Além destes, a produção conta também com a participação extremamente divertida de Jane Lynch interpretando a treinadora Sue Sylverter, que sempre tenta desmanchar o Glee Club, mas acaba cativando o público pelos seus comentários irônicos e sarcásticos sobre o cabelo do professor Shuester.

Se eu achava que a série seria o “High School Musical” da Fox, eu errei. O formato acabou sendo digno de muita atenção da mídia, pois não foi à toa que a produção estadunidense levou prêmios como o Globo de Ouro de melhor série (comédia/musical), o Screen Actors Guild Awards e People’s Choice Awards, todos em 2010. Além disso, Glee mostrou, com algum esforço, que não se prende apenas nas músicas para garantir o seu sucesso, elaborando uma trama de deixar o telespectador ansioso para os próximos episódios.

A segunda temporada já está no ar nos EUA desde abril, e já contou com um episódio especial apenas com músicas da Madonna (episódio 16), fazendo com que a série atingisse o primeiro lugar no ranking televisivo durante a sua exibição pela segunda vez só neste mês.

Caso alguém ainda tenha dúvida de que Glee não é bom, recomendo que deixe pra lá essa velha idéia que a Disney colocou na sua cabeça de que jovens cantando precisam ser toscos (Zac Efron e Vanessa Hudgens, lembra deles?). Eu repito: Glee é mais do que um mero High School Musical da vida, possui conflitos mais adultos e dramáticos do que os de adolescentes preocupados em reconquistar a namorada, por exemplo. Glee pode ser uma série voltando para o público jovem, porém, num todo, aparenta ter mais idade do que o público pensa que tem.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Primeiro post

Olá, tudo bem? Sim, querido(a), mais um blog na internet... Aliás, esse aqui já está velho, só nesses segundos em que você iniciou a leitura, foram criados milhões de outros blogs pelo mundo, melhores ou piores que o meu. “Mas, vamos lá”, né?

Alice, de Tim Burton (com spoiler!)


Você já deve ter lido muita coisa por aí de gente dizendo que é bom/ruim, whatever, mas eu passei uma semana esperando pelo assunto perfeito pro primeiro post do INYB e agora eu já tenho um. o/
Tim Burton é famoso pelas peculiaridades que ele tanto gosta de colocar nos filmes, todo mundo sabe. O diretor – que parece ter uma estranha obsessão por mulheres de cabelo loiro com sobrancelha preta – decidiu que ia se inspirar nas obras de Lewis Carroll para o seu novo filme: Alice. Mas o cara só se inspirou, porque o filme não tem muito a ver com a obra mais conhecida do autor.
Pra início de conversa, eu não faço a mínima idéia de como aquele roteiro foi escrito. Será que alguém foi pago pra escrever aquilo? Será que o Tim Burton, num surto de criatividade, pensou “hey, vou começar escrevendo qualquer coisa pra ver no que vai dar”? Ou ele teria ido pra frente de uma escola primária e gritado: “pirulitos por um roteiro, balas e doces por um roteiro!”? Não sei, as possibilidades são tantas que um amigo meu chegou a pensar que o cara escreveu tudo usando fezes, não tinta normal pra caneta. Preciso escrever mais alguma coisa sobre o roteiro? Não, né...
O filme começa bem, normal, com uma atriz principal totalmente perdida no papel (Mia Wasikowska)... Até a parte em que ela precisa diminuir de tamanho pra finalmente voltar pra Wonderland. Nesta versão – “versão” –, os personagens que não tinham nomes antes são nomeados. Por aí já começa o erro, Tim Burton esqueceu que um clássico jamais (JAMAIS!) deve ser modificado. Aliás, ele esqueceu tanto, mas tanto, que acabou tendo a grande e maravilhosa idéia de criar uma espécie de “clima” entre o Chapeleiro Louco (Johnny Depp) e Alice! Como ele pôde macular tanto assim a história...?
Tirando a parte gráfica do filme (que deve ficar boa num cinema 3D – ainda não tem na minha cidade, né, Moviecom? ¬¬), nada de bom sobra, nem a trilha sonora salva o enorme erro que o filme foi (ou você vai me dizer que a música dos créditos é boa? Avril Lavigne, sério?).Eu espero que o mundo não se contente apenas com gráficos em 3D, porque, pelo o que parece (isso desde Avatar), o enredo está sendo deixado pra trás e as superproduções de Hollywood acabam sendo vazias e sem nenhuma profundidade, acabam sendo clichê. Só pela sinopse do filme você percebe: Alice precisa matar um “monstro” (esqueci o nome do bicho XD) pra salvar Wonderland da tirania da Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter) - que tem nome, mas, como eu achei desnecessário, nem me importei em ler nas legendas – que, por sua vez, tomou o lugar da irmã, a Rainha Branca (Anne Hathaway). Nisso tudo, acontece uma... Guerra. Uma guerra no estilo “épico”, daquelas beeeem Senhor dos Anéis (aliás, copiaram Minas Tirith pra fazer o castelo da Rainha Branca, né?), em que “o bem e o mal se enfrentam para salvar o destino da humanidade e blablabla”. Nessa “batalha” (risos), Alice tem que matar o tal dragão com uma espada específica, mesmo sem saber lutar (já que espada “sabe o que quer”), pra “cumprir a profecia” (mais risos para a profecia).
Esse filme não serve pra muita coisa, só pra gastar dinheiro com o ingresso e a pipoca. Mas eu vou deixar um recadinho pro nosso diretor favorito: ei, Tim, não funcionou, foi tosco! Você rompeu com anos de versões tradicionais de Alice In Wonderland e eu tenho quase certeza que o Lewis Carrol chorou sangue no túmulo com o seu filme. Eu, pelo menos, rasguei o ingresso antes mesmo dos créditos, não agüentei a sensação de heresia (azia) que eu tive durante toda a seção. Muito obrigada por ter criado climinha entre a Alice e o Chapeleiro, obrigada pelos nomes desnecessários e complicadinhos, enfim, obrigada por toda essa tosqueira! Beijos XD